quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Carmen Moreno: Projeto Eu, o Leitor

CENTRO CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL

E PLUMAGENZ APRESENTAM:

EU, O LEITOR

(mediação da jornalista Vivian Wyler)

Clique sobre a imagem abaixo, para ampliá-la.
 Particiação de Carmen Moreno (Onde está a poesia?)

Fotos: Luiz Carlos David

Clique abaixo, para assistir ao vídeo:


Carmen Moreno from John C.M. on Vimeo.

Poema:
Indagações Sobre o Começo do Fim
(Livro: Loja de Amores Usados, ed. Multifoco,
de Carmen Moreno).
 Música: 
Meio termo, de Cacaso e Lourenço Baeta


De 26 a 30 de outubro de 2010


Centro Cultural Justiça Federal: Av. Rio Branco, 241, Centro - Rio de Janeiro/RJ - Tel. (21) 32612550


 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

CARMEN MORENO NO PROJETO POESIA NO SESI

Na próxima quarta (20/10), às 12h, a poeta Carmen Moreno participará do Projeto POESIA NO SESI- RJ, apresentando poemas do seu livro LOJA DE AMORES USADOS (Multifoco). Na tarde, também Duane Martins. Cartola é o poeta homenageado do mês. O evento é organizado pelo jornalista e poeta Claufe Rodrigues, e pela cantora e poeta Mônica Montone. Participação especial: Delayne Brasil. Local: Teatro SESI, Centro. Av. Graça Aranha, 1. Entrada franca.

Loja de Amores Usados

domingo, 10 de outubro de 2010

VÍDEO - CARMEN MORENO NO PEN CLUBE: TRECHOS DO ENSAIO SOBRE A POESIA DE TANUSSI CARDOSO

VÍDEO apresenta uma EDIÇÃO da palestra de CARMEN MORENO, no PEN Clube do Brasil: FRAGMENTOS DO HUMANO E DO MÍSTICO EM TANUSSI CARDOSO.

Imagens: o poeta Tanussi Cardoso, Claudio Murilo Leal, presidente do PEN Clube do Brasil, e a poeta e ficcionista Carmen, nesta ordem. O evento aconteceu na noite de 06/10/10.

PARA ASSISTIR, CLIQUE NA SETA:


LEIA O TEXTO NA ÍNTEGRA:

FRAGMENTOS DO HUMANO E DO MÍSTICO EM TANUSSI CARDOSO



Para Tanussi Cardoso: Meu irmão - caminho de todas as portas. Sua boca de poeta sempre desenterra o Sol.




CENA UM


Abre-se o pano ante a folha virtual - em branco. Diante do computador, a poeta observa-se. O coração, tambores dissonantes, prensa sentimentos inomináveis, que esperneiam no peito, esgarçando-o. A poeta prossegue, tentando domá-los em verbo. Fervilham, em múltiplas vias, arredios, na contramão de qualquer nome que os aprisione ou liberte. Que os falseie ou denuncie. O poema não salva a poeta. O irmão não salva a irmã. Avessos a cederem a qualquer começo de texto, sabem, os sentimentos, que não há começo algum. Nem fim - não se pode dimensionar o invisível. Que cerca margeará o impossível, demarcará o infinito, o indizível? Pois que o poeta está plantado desde sempre, desde antes, no quintal da alma da irmã. Fertiliza sua terra com seus enigmas de artista, com seu olhar enviesado de bruxo do verso.

Desde a infância da poeta, quando esta, menina de sete/oito anos, mesmo sem decifrar sequer a pele dos seus versos, já os sabia ritmo e beleza. Já os temia, gilete e magia. E recitava-os, na escola, com orgulho e sede. A sede de quem aprende a beber no líquido claro ou lodoso da palavra, a saída. E a menina, desde o começo, sem saber, já precisava iluminar suas saídas. A saída que nunca acaba. A saída que nem sempre se decifra claridade. A saída que o poeta lhe apresentava, através de seus temas emblemáticos, recorrentes, mas sob um olhar mutante e viçoso – sempre.

Então, a menina aprendia a conhecer a morte, antes de perder seus queridos. E a morte era sonora e lírica, no poema Conversa aos pés de um morto, inserido no primeiro livro do poeta (único exemplar), encadernado, na cor vermelha, que ela compartilhava com os colegas, ao final da aula. Poema publicado muitos anos depois, no livro Viagem em torno de, ora representado neste trecho: “Pronto, estás aí, podre./ A morte te pegou tão de supetão, sujeito,/ que nem tiveste tempo de vomitar/ o último arroto sobre o teu terno sujo. (...).

E a menina tocava o amor, antes de sabê-lo amor - e mesmo quando o amor vestia-se sombra, era musical e harmônico, conforme o trecho do poema Balada dos Perdidos, inserido no referido livro: “(...) Vir de longe/ Quem nunca amou e se deu/ Quem por amor se perdeu/ Quem nada teve de seu (...). E tantos poetas somaram-se ao primeiro! Todos levados pelo irmão, ora em diversificados livros, ora através dos versos deste poeta inaugural, seu aliciador de releituras do mundo.

Os versos do poeta irmão, impregnados de outros, e tantos, e TUDO, em sentimento e forma transmutados, mostram, cada vez mais, a habilidade de quem sabe ler, ler-se, reescrever, reescrever-se, digerir minúcias do humano para materializá-lo no gesto singular e sempre assombrado de seu poema.

CENA DOIS

A poeta folheia, mais uma vez, os livros do irmão, buscando iniciar este texto, ora compartilhado, mesmo sabendo que não há começo, pois que o tempo de Tanussi funde-se ao seu próprio tempo, de maneira contínua e indivisível. Onde a distância crítica de olhar sua obra e abordá-la? E descobre que esta tarefa será como tentar vislumbrar a Muralha da China, cabeça erguida, corpo e queixo colados ao concreto... o olhar íngreme buscando a impossível panorâmica. E entende que só a visão para dentro de sua própria história poderá trazer à tona ao menos alguns precários fragmentos de Tanussi Cardoso e sua produção literária.

Aliviada, percebe que, talvez, não seja impossível desvelar algumas peças da complexa e bela engrenagem de sua escritura, pois que a obra de Tanussi é Tanussi. Como prenuncia o poema A grande valsa - parte III: “Para isso serve a arte:/ testemunhar o não visto/ descobrir o oculto/ observar através dos rins/ dos fígados/ das crateras e dos vulcões.” (livro Viagem em torno de).

A obra de Tanussi é Tanussi. Contrária à esquizofrênica criação de tantos autores, que não são sua criação. Não agem, não pensam, não creem, não sentem, não cheiram, não olham, não tocam, não vivem como rezam sua prosa ou seu verso. E não há neste fato nada que desmereça ou minimize o valor dessas artes sem genitores orgânicos (quando elas são realmente Arte, no sentido inalcançável do termo). Inalcançável enquanto definição, pois que a arte não sobrevive entre as paredes do conceito. No entanto, é perfeitamente tangível pelos sentidos e pela transcendência. E pode fazer sentido para qualquer um, pela revolução interior que provoque, pela desarrumação de algo invisível dentro de nós. E há tantas obras, em qualquer gênero artístico, tão dissonantes de seus criadores - embora de teor e estética generosos! Não se pode desmerecer o produto artístico pela revelação deste possível paradoxo.

Contudo, a poeta precisa confessar sua estranheza e espanto ao se deparar, algumas vezes, com este fenômeno humano. Então, com alívio e encantamento, reencontra Tanussi, no cotidiano e nas páginas, e comprova ser possível a comunhão entre os movimentos de Ser e criar. Em Nudez, livro Boca Maldita, ele nos diz: “Que importam as coisas/ e os seres/ a não ser no momento infinito/ e raro/ em que elas/ sem caricaturas/ despem-se de todo o artifício/ e frias/ e loucas/ são elas mesmas/ nuas?

CENA TRÊS

Os dedos da poeta tamborilam no teclado. O papel virtual e branco, em ultimato, quer o ato do início, a sílaba que puxe o fio de Ariadne, o salto, a palavra que socorra a poeta do espanto de saber o poeta tanto, que se torna dor a ação de traduzi-lo letra. Mas, no incansável revisitar de suas obras sobre a mesa: ouro, pérolas, concreto, pedras pontiagudas, depara-se com a salvadora epígrafe do premiado livro Viagem em torno de. “O que me interessa no homem é o homem. O resto é o que fizeram dele: literatura. E pronto”. Este e mais quatro pequenos textos, utilizados no livro sem assinaturas, como dedicatória e epígrafes, foram recebidos em sonho pelo poeta, conforme registro do mesmo, ao final da obra, p.79.

A poeta encontra, enfim, o caminho das palavras e o teclado recupera sua função. Pergunta-se: Quem teria tamanho conhecimento do que impulsiona a criação de Tanussi Cardoso? Quem saberia tão intimamente que sua obra é uma busca contínua e visceral do homem? Do humano? Quem saberia que, para ele, o exercício poético só faz sentido pela possibilidade de dissecar esse homem e transformá-lo em verbo? Na densa geração do poema - a transformação de si mesmo: síntese, signo, salto. E, na posterior partilha, a possibilidade de dar nova feição também ao Outro, pelo potente gesto da palavra. Transformar esse homem/leitor, pela exposição figurada do humano no poeta. Farta e ousada oferta de si mesmo. Em entrevista ao site Balacobaco, Tanussi reitera esta leitura: “O que eu quero com minha poesia é criar uma ponte em direção ao outro; fazer dela um grande abraço humanitário e solidário”.

E o exercício de descascar-se em metáforas, bem garimpadas, ao contrário de desfigurarem ou ocultarem o poeta, entrega sua humanidade ao leitor, numa comunhão de luz e lama, na revelação de seus mergulhos internos, suas crateras e lacunas, como nos mostram os poemas: Ponte, livro Viagem em torno de: “Entre eu e mim, um abismo imenso”; Casa, livro Exercício do olhar: em mim, / muitos quartos. / quando morrer,/ quantos terei visitado? E Sinal, do livro Boca Maldita: Escorreguei em mim mesmo/ e caí./ Sou um acidente... Poema que revela outro traço de seu perfil literário: a ironia amarga. Lâmina crítica, que não se exime de destrinchar a natureza do poeta, e o que nela há de risível.

CENA QUATRO

A poeta levanta-se, e procura, entre os livros espalhados sobre a mesa, o que registra o sonho: “O que me interessa no homem é o homem”. O resto é o que fizeram dele: literatura. E pronto”. E insiste: Quem, afinal, conheceria esta meta involuntária (?) da poesia tanussiana? Se a poeta materializasse em voz esta íntima pergunta, alguém certamente lhe indagaria, como resposta: “Mas não seria o homem o objeto de interesse central da obra de todo artista? E ela responderia: “Não sei” – dando de ombros à ironia de seu interlocutor, que estaria respaldada na suposta obviedade da pergunta.

Mas, afinal, quem seria o autor dos versos do sonho? Deus? E quem se revela Deus/deuses na criação de Tanussi? Deus, figura constante em sua obra, não se deixa aprisionar por acepções religiosas: “(...) Os deuses que adoro me cospem no prato. Diz o escritor, no poema Aos que morrem de Aids, do já mencionado livro Viagem em torno de. O Deus de Tanussi é céu e inferno, chão e salto, lodo e luz. Humano, salvador, culpado, falho, conforme se apresenta no trecho do poema Paisagem inútil, livro Exercício do olhar: “(...) errar não é humano – é santo/ pecar é carregar nos ombros/ os erros de Deus.

Sim, talvez o Deus de Tanussi tenha trazido do Alto os versos de seu sonho. O Deus transcendente, o místico. Ou quem sabe o Deus que mora no poeta; ou mesmo o poeta que mora nesse Deus: “o poeta é só/ um homem/ dentro/ de Deus”. Livro Viagem em torno de; Chorando sobre um poema. A verdade é que, por intermédio do sonho, o poeta reitera, ou revela a si mesmo, o alvo de sua criação. Seu inconsciente individual/coletivo endossa, em síntese profética, o que sua magnífica trajetória de criador nos tem apresentado. E o que sua vida ressalta, a cada dia, aos privilegiados de sua convivência: Tanussi gosta de gente! Procura, dentro e fora de si mesmo, as pessoas, seus movimentos, contextos e interferências. Paradoxos, inquietações e calmarias. Danos, dejetos, dádivas. Acolhe as pessoas. E injeta, então, no verso, sem encharcá-lo de lirismo, o produto de seu automergulho visceral. Mergulho que traz à margem sua própria face, contaminada e revigorada pela face de seus semelhantes.

E ao visitar o Ser com intimidade e mestria, revelando-o através de seu poema cortante e lírico, conciso, seco e apaixonado, de imagens originais e contundentes, o poeta se expande em TUDO - pois que todos os desdobramentos temáticos partem desse humano que pensa, respira, ama, age, interage, sofre, sorri, deseja, teme, mata, morre... E o olhar de Tanussi Cardoso perpassa todas estas estações do Ser, aprofundando-as, com lucidez.

EPÍLOGO

A irmã, olhos pregados na tela, dedos ágeis no teclado, prossegue na sua tarefa de decifrar-se, buscando o irmão. Sabe que tudo, para Tanussi, é matéria poética: o Tempo, o Fazer poético, a Memória... No entanto, diante da impossibilidade de expansão deste relato, elege, para conclusão de ilustração temática, recortes do olhar do irmão sobre a família, a morte e o amor:

Na Família - pai, mãe, irmãos... na família e seu gene de amor e loucura, de colo e mágoa, talvez a fertilização infinda de seu verso e  do verso do irmão. Talvez a fonte inesgotável do humano no magma artístico de ambos. No poema Retoque no retrato, livro Exercício do olhar, Tanussi Cardoso nos traz o pai:

“Meu pai/ cabisbaixo/ pescoço metido/ entre as pernas/ de queixas/ e queixos/ quadro/ vivo de Rodin/ meu pai/ entre meias/ e chinelos/ fincando raízes/ no nada/ teatro particular/ de cerca e medo/ olhos no assoalho/ moído/ olhos que não/ viram nem a/ mim nem a/ mãe nem a/ mão/ olhos soterrados/ cravejados/ de chão”. E no primeiro verso do poema Flecha, do mesmo livro, Tanussi nos diz: “minha mãe lê o mundo/ pelo sorriso (...)”.

No verso conclusivo, do antológico poema As mortes, livro Viagem em torno de, “sei não/ acho que só vou/ morrer/ depois de mim”, Tanussi Cardoso revela-nos que sua visão sobre a morte nada tem de pessimista. Em entrevista concedida à escritora Cristina da Costa Pereira, ele nos diz: (...) O que procuro retratar no poema é o paradoxo existente na máxima de que a morte traz a vida para mais perto. Porque ao pensar nela começo a pensar em Deus e nos homens e na verdadeira poesia, que é viver em comunhão, re-ligado com a natureza. Com a morte, me parece, o homem passa a olhar mais para o seu próprio tempo, para o outro, e acreditar na sua imortalidade.”

No poema O morto, livros Viagem em torno de, e 50 poemas escolhidos pelo autor, Tanussi projeta sobre o tema um olhar de aceitação. Mais que isso - de beleza e libertação:

“Tudo permanece em seu lugar./ A tartaruga/ estática, sábia/ contempla a cena./ Quem morre antes,/ o morto ou seus objetos?/ Tudo permanece em seu lugar./ O morto é um poema/ acabado/ solto/ completo.”

E o amor tanussiano quase sempre é desmascarado na sua concreta finitude, e na incontrolável, mas nem sempre visível, esperança. Apresenta-se aqui, nos recortes do poema Das dores do amor, livro A medida do deserto, in Rios, partes IV e V:

“Todo amor, no fundo,/é um adeus/ um basta/ um morto./ Contudo, te amo/ como se costurasse rendas num bordado/ vendo os furos se despregando do pano/ alfinetes rasgando a pele/ sem ritos sem ais sem porvir.”

E no trecho do poema Cilada, livro Viagem em torno de, Tanussi conclui, realista:

“O amor é, sobretudo/ a faca no laço do laçador/ O amor é, exatamente/ o tiro no peito do matador”

Para o desfecho desta exposição, o último verso do poema Botafogo, noite, livro Viagem em torno de: “Deve haver poesia no dedo de Deus.”. E a irmã, na releitura do poema, conclui: Deve haver um Deus no dedo de Tanussi.

Carmen Moreno

Veja fotos do evento na seção de: 06/10/1010


























































quarta-feira, 6 de outubro de 2010

FOTOS: PEN CLUBE DO BRASIL

Recortes da noite no PEN Clube - Carmen Moreno apresenta: FRAGMENTOS DO HUMANO E DO MÍSTICO EM TANUSSI CARDOSO.

Carmen Moreno
Tanussi Cardoso, Cláudio Murilo Leal
(Presidente do PEN Clube do Brasil) e
Carmen Moreno
Tanussi Cardoso e Carmen Moreno
Panorâmica da plateia: entre os escritores presentes, Ana Arruda Callado, Delayne Brasil, Laura Esteves, Marcus Vinícius Quiroga, Helena Ferreira, Reynaldo Valinho Alvarez (homenageado por Delia Cambeiro - professora da UERJ), entre outros.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

CARMEN MORENO NO PEN CLUBE

CONVITE:

Dia 06, quarta-feira, às 18h, no PEN Clube do Brasil, a escritora Carmen Moreno abordará a obra de
 Tanussi Cardoso.

TANUSSI CARDOSO

Delia Cambeiro, professora da UERJ, apresentará a poesia de Reynaldo Valinho Álvarez.

Local: Praia do Flamengo, 172 - 11º. Andar - Flamengo 
- Rio de Janeiro/RJ