terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Nova premiação para Carmen Moreno




O CONTO INÉDITO O PODER DO VERBO

DA POETA E FICCIONISTA CARMEN MORENO, FOI PREMIADO PELO 

25º CONCURSO NACIONAL DE CONTOS JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO,

PROMOVIDO PELA FUNDAÇÃO CULTURAL JORNALISTA OSWALDO LIMA. 

O CONTO RECEBEU O 4o. LUGAR, ENTRE OS 694 INSCRITOS DO BRASIL. 

domingo, 6 de dezembro de 2015

Para Fabricar Asas, de Carmen Moreno (poesia)



FOTOS DO LANÇAMENTO COLETIVO E SARAU 
Ibis Libris Editora
PRIMAVERA LITERÁRIA 2015

ENTRE OS LIVROS:

PARA FABRICAR ASAS
(poesia)
de 
Carmen Moreno

Imagens dos poetas:

Amélia Alves, Anna Maria Fernades, 
Astrid Cabral, Carmen Moreno, 
Claúdio Leal Cacau, Liane dos Santos, 
Olga Savary, Pedro Lyra,
e a poeta e editora Thereza Rocque da Motta









05 de dezembro de 2015, às 18h.
Museu da República - Rio de Janeiro,
Tenda infantil. 





segunda-feira, 23 de novembro de 2015

PARA FABRICAR ASAS, poesia, (Ibis Libris): novo livro de Carmen Moreno




O novo livro de Carmen Moreno,
PARA FABRICAR ASAS 
(poesia), Ibis Libris, 
terá, inicialmente, um lançamento coletivo na 

PRIMAVERA LITERÁRIA 2015.

A noite individual de autógrafos será no início de 2016.

Primavera Literária 2015: 
Jardins do Museu da República, 
Rio de Janeiro, de 3 a 6/12/2015 

Lançamento  coletivo: 
 sábado 5/12/2015, às 18h 

 9o. Festival de Poesia da Primavera Rio:
 Tenda Infantil, das 19h às 21h

AUTORES:

Carmen Moreno
Claudia Abreu Campos 
Jean Cândido 
Roberto Dutra  Jr.
Leila Oli 
Liane Dos Santos 
João Do Corujão
Afonso Henriques Guimaraens Neto 
Alberto Lins Caldas 
Anderson Lopes 
Alvaro  Nassaralla 
Anna Maria Fernandes 
Celso de Lanteuil 
Claudio Aguiar 
José Antônio Cavalcanti 
José Carlos Paiva Bruno, 
Pedro Lyra 
Moisés Guimarães 
Samuel Punzi




domingo, 30 de agosto de 2015

Poema do próximo livro de Carmen Moreno

REMORSO

Onde enterrar os beijos 
que não dei e quis?
Que luto lavará a dor do amor 
que não fiz?


Carmen Moreno 
(Livro Para Fabricar Asas) a ser lançado pela Ibis Libris Editora


sábado, 15 de agosto de 2015

Vídeo de Carmen Moreno (1 min.)

Vale relembrar! 

Trecho da apresentação 
de 
Carmen Moreno

 Evento:

"TeKnósPoiÉsis
Poéticas do oral ao digital: 
uma experiência para todos os sentidos

 Realização: Cátedra UNESCO de Leitura – PUC-Rio (2011)

Poema “Até que a vida nos separe”, do seu livro 
Loja de Amores Usados (Multifoco).

Música Meio Termo, de Lourenço Baeta e Cacaso:




                

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Poema inédito de Carmen Moreno





TRAÇAS



Casaram-se.

Aliança no dedo, não se aliaram.

Alheios à jura, julgaram-se.

Ódios, culpas saqueando o sim.

Tanta insensatez, 

o amor se desfez,

fim.


Carmen Moreno


domingo, 24 de maio de 2015

Carmen Moreno e Delayne Brasil no CABARÉ DA POESIA:




RECADO

Letra: Carmen Moreno

Música: Delayne Brasil

SE QUERES SABER, NÃO ENLOUQUECI. MERGULHEI EM MIM,
DA DOR EXTRAÍ RIQUEZA E AMPLIDÃO, NÃO ME PERDI.
SE QUERES SABER, DISPENSO PALPITES SOBRE O PERDÃO QUE NÃO TE DEI.
NA VERDADE, EU É QUE NÃO ME PERDOEI:
PELA ENTREGA DESMEDIDA, PELO ULTRAJE DE UMA VIDA.
TE AMAR FOI ABRAÇAR O MAR SEM BRAÇOS, SEM BOTE, SEM SABER NADAR,
SEM BALSA, SEM NORTE, SEM O BÁLSAMO DA SORTE.
SE QUERES SABER, HOJE SEI O QUANTO SOFRI EM TUA COMPANHIA.
UM NOVO AMOR É A SORTE DA ALEGRIA.
DISPENSO TEUS SINAIS, RESPEITA MINHA PAZ.
EX-AMOR NUNCA FOI BOM CONSELHEIRO,
ENCERRA NO SILÊNCIO NOSSO FIM. A VIDA QUIS ASSIM.
SE PERCA DE MIM, SE PERCA DE MIM.


terça-feira, 12 de maio de 2015

Poema inédito de Carmen Moreno

FÁBULA DA FILHA QUE VIROU MÃE

A mãe não costura mais o vestido da menina magricela.

Que não é mais magricela nem menina: cresceu por meio século.

A mãe tornou-se filha, quando os passos ficaram miúdos e os cabelos rareados.

Mora na cama do quarto, tangenciando o centenário e seu ônus.

Entre fraldas e enfermeiras, seu sorriso ensina a filha a ser rocha.

Inútil sofrer, temer a data, enfeitá-la para partir serena e sem danos...

A morte é sempre súbita, por mais que bafeje no cangote dos relógios,

e prometa visita sob o martelo dos doutores.

Mas a dita não traz na lápide o fim anunciado:

A mãe nunca partirá, costurada que está na alma da menina,

desdobrada no seu melhor gesto,

nas palavras espalmadas aos carentes de mãe e de sonho.

A mãe não é mais a fala fluida, a casa antiga, os bordados de flor,

a samambaia chorona, o jardim.

Não rega mais as plantas, não planta.

Mas é plena plantação.


Carmen Moreno

Foto: marcadores de livro 
bordados por Carmen Castilho Cardoso 
(mãe da autora)

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Conto do livro SUTILEZAS DO GRITO (Rocco), de Carmen Moreno




SOB A SEMELHANTE SUPERFÍCIE

 Carmen Moreno


         Não foram as suas cuecas, invariavelmente espalhadas pelo quarto. Nem o bar dos sábados com os amigos. Não foi a última briga nem a soma de todas. Uma incógnita nos impede o acesso ao que nos une a uma pessoa e nos afasta de outra. Muitos nós nesses vinte anos de laços. Estou apaixonada. Neste momento procuro consultar o que sinto ao escrever-lhe. Dois nítidos sentimentos se sobrepõem, em contraste: tristeza antecipada, por saber que vou magoá-lo, e igual prazer por saber que vou magoá-lo. Não pense por isso que minha paixão é um tolo movimento de revanche. Houve tantas chances de vingança que já teria me apossado de alguma, se quisesse.

         Você está agora no futebol dos domingos. Chegará suado, músculos lustrados, olhos foscos. Seus olhos não brilham mais. Quem sabe nos dribles do atleta ... mas no cotidiano da casa, nos raros momentos em que se esbarram com os meus, não vejo mais nenhum brilho. Certamente, você me vê também assim, opaca e silenciosa, carregando pelos cômodos uma incômoda mudez. Não, talvez meu silêncio não signifique incômodo para você. Lembro-me de que, numa antiga discussão, você deixou claro o desagrado por minha mania de discutir os problemas à exaustão. Prefere a superfície. Eu, o que se esconde nos porões. Isso não me faz melhor. Às vezes, meu bem-intencionado mergulho nas águas turvas da relação era um simulacro. Um instrumento para vê-lo espernear com os meus porquês, jogado num lodo interior de explicações, tentando apoiar-se de novo na bengala da sua objetividade masculina. No início, era fundamental vê-lo prático e dono de todas as certezas. O mundo subjugado a sua destreza viril, que tramitava entre pagar as contas e discorrer sobre todos os assuntos. Minha geração digeriu sem muitas queixas os temperos mais indigestos do casamento. Minha mãe reforçava que eu não deveria exigir tanto de você. Que os homens não eram muito detalhistas. Esforçava-me, mas precisava esmiuçar a emoção, compreender o avesso das suas meias palavras.

         Você inventou a ideal simplificação dos temas que eu propunha: colava a boca na minha, calando-me num beijo que nos levava a outras linguagens. Não tentaria mentir, negando a excitação desses desvios de trajeto. Calávamos um discurso para dar lugar a outro menos contraditório ou combativo. Até então, não havia tropeços nesse trecho da nossa comunicação. Ao contrário, absoluta comunhão. Mas o recurso se desgastou e acabou sendo um meio de evitar que tocássemos terrenos desagradáveis. Uma fuga, um ópio, um esconderijo. Calar-me com seu corpo. Acender-me para apagar-me. Uma arma. Atualmente em desuso. Sua sedução há muito não incide sobre mim. Você a espalhou pelas noturnas reuniões do time. Multiplicavam-se os encontros com a equipe, conduzindo sua sedução por caminhos novos. Até que, numa noite insone, resolvi descobrir o que insistia em negar. No clube, você se encontrava com sua motivação loura. Cabelos falsamente claros, formas talhadas - visão possível de quem observa à distância. Aproximar-me seria o fim. Não desejava que um ponto definitivo interrompesse meus dez anos de casamento. Aproximar-me seria violar por completo minha teimosia amorosa. Observei os enamorados de longe.

         Em casa, acuado, tentou banalizar o romance: Não era sério. Terminaria no dia seguinte. Tudo, menos me perder. Os homens eram assim, não resistiam às tentações. Enfim, todos os chavões saltavam da cartola. Como um mágico tentando animar a plateia com o velho número dos pombos. Acreditei no truque do ilusionista. Mariana era uma adolescente próxima. Racionalizei a importância de um pai presente, uma família ordenada. Mas o caos se instalara. Na verdade, tinha pânico de estar só e desprotegia a imagem de nossa filha, como pretexto.

         Estou apaixonada. Não há nada que me assalte esse amor. A não ser que ele próprio se esgote no seu tempo. E quando um dia acontecer o corte, saberei entender que a vida se renova em morte. Aos quarenta, não estou resignada. Mas tenho forças para me amar além do amor que possa receber do amante. Você não me espera assim. Ainda ontem falava como se todos os rumos da nossa vida conjugal só pudessem ser pilotados por você. Anunciou uma viagem de férias, para o sítio, que fará sozinho. Discorreu sobre a importância das férias conjugais, num tom de quem se desculpa, de quem pede para ser perdoado. Eu, ouvinte silenciosa, tecia minha trama romântica como um trunfo, um segredo saboreado. Há muito tempo faço do silêncio meu estilingue, meu alfinete. Deixei que clamasse por sua solidão criativa, que usasse até argumentos, como: "A distância revigora a relação". Sabemos que entre nós a distância já se instalou, irrevogável.

         Há seis meses entrego-me a outra pessoa. Inteira. Mariana está casada. Meu coração se desamarra, aos poucos. Não imaginei que pudesse me deparar com tanta novidade. Aprendemos que, nesta idade, os afetos se resfriam e os sonhos despencam com os seios. Além do mais, sempre estranhei que o amor surgisse de uma fonte aparentemente sem mistérios. Que o desejo pudesse saltar assim, por um corpo tão familiar em desenhos e cheiros... em textura. Teorizava sobre a importância das diferenças. Os contrastes mais nítidos seriam, para mim, os que me instigariam o desejo. Desconhecia as sutis diferenças, as que apenas intuímos sob a semelhante superfície. Quando acaricio seu corpo, tão igual ao meu, toco regiões inusitadas da minha feminilidade. Quando nossas saias se confundem sou mais que uma mulher. Sou tudo que não tem nome. Desaprendo o que aprendi. Contrario o que ensinei. Sou apresentada a mim quando ela come meus traços com suas pupilas amorosas. Seguindo seu desejo sou meu desejo. E passo a querer nós duas. Ver-me, assim, por sua ótica de amante, é desvelar em mim o que, sozinha, seria cegueira.

         Refeito do susto, certamente você irá questionar o que um homem teria deixado de dar a uma mulher para levá-la a procurar outra. O que teria sido insuficiente no seu desempenho viril. Sempre você como eixo de todas as coisas. Respondo, antecipadamente, pois exercito, nesta carta, uma crueza necessária: o que nos afasta de alguém são sempre excessos e faltas. Nossos excessos e nossas faltas levaram você às amantes, e a mim, ao amor. Não. Talvez a primeira tenha sido amada. A loura falsária, a que "não era sério". Porque foi difícil terminar no dia seguinte. O dia seguinte estendeu-se por meses, quem sabe um ano, pelas pistas que testavam minha reincidente cegueira.

         Estou apaixonada. Levo parte das roupas. Esta é apenas uma pausa para ordenar-me. Ah... a buzina! Volto para esmiuçarmos juntos minha partida. Para que nossos olhos se enfrentem ao menos no fim. A buzina! Tenho que ir. O chá está quente sobre o fogão.


Prêmio Nacional Ponta a Ponta SEPAM de Contos - 1995
Ponta Grossa / PR.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

GILBERTO GIL REVISITADO

Antes que a palavra agarre
a acepção surrada, 
dormida de passado,
que suba a palavra ao altar do nada,
onde tudo possa conter
na parição do poema.
Antes que se enforque a palavra
no monopólio do sentido,
que o poeta lhe empreste
o ventre virgem do verso,
onde juntos renascerão.

Carmen Moreno