domingo, 26 de agosto de 2018




POEMA PARA MARIELLE

Na calada da noite
calou-se a voz, tocaia.
Toque de recolher a vida.
Ávida, a mulher realçou 
rostos invisíveis:
despenteou a brisa, 
desabrigou mentiras,
soprou ventanias no marasmo.
Não a morte! Não há morte,
só sementeiras.
Nenhum bem se aterra,
se o gesto fértil se espalha,
e a língua é espada e espanto.
Nenhum carrasco tomba
o canto indomável das sílabas,
nem turva o clarão do sorriso.
Não há terror que impeça
o orvalho nos desertos.

Carmen Moreno

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